domingo, 28 de julho de 2013

Como os hormônios agem em nosso corpo durante a FIV?

Pessoal, para entender melhor sobre os vários medicamentos que fazemos uso no processo de FIV, resolvi fazer um mini-tutorial para responder a 3 perguntinhas básicas sobre como agem em nosso corpo. Espero que seja útil!

# Pergunta 1: Estrogênio e Progesterona, para que serve esses hormônios?
A produção desse hormônio começa na adolescência, quando é responsável pelo aparecimento dos sinais sexuais secundários na mulher, e vai até a menopausa.

Estrogênio
É o hormônio feminino básico, responsável pelo aspecto físico da mulher. Tem outros efeitos muito importantes no revestimento interno do útero, no endométrio e no ciclo menstrual.
O estrogênio é um hormônio importante porque ajuda a preparar a camada interna do útero (endométrio) para uma futura gravidez.
Este hormônio prepara o revestimento do útero (endométrio) para permitir que um óvulo fertilizado (embrião) seja implantado. É mais ou menos como formar uma "cama" própria para que o embrião se ajuste.

Progesterona
É um hormônio esteroide produzido pelo corpo lúteo e pela placenta durante a gravidez.
A progesterona prepara a mulher para a gestação, pois estimula as células do endométrio a se proliferarem e garante com que o embrião se fixe para a formação da placenta. Também é o hormônio responsável pela continuidade da gravidez pois evita a descamação do endométrio, que ocasionaria um aborto.
Como hormônio essencial na manutenção da gravidez, é primeiramente produzida pelo corpo lúteo do ovário, até cerca de 20 semanas de gestação, sendo depois sintetizada pela placenta.
Muitas mulheres inférteis, com falhas de implantação e com aborto recorrente apresentam baixos níveis de progesterona no sangue, sendo indicada uma suplementação de progesterona na fase inicial da gravidez. A progesterona age não só na receptividade endometrial, mas também à resposta imunológica materna, devendo a suplementação permanecer da 10ª a 16ª semana, segundo orientação médica.]



  

# Pergunta 2: Por que utilizamos estes hormônios para a FIV?

O ciclo menstrual natural depende da integração e sintonia do mecanismo hormonal feminino, que culmina com a ovulação de um único óvulo a cada mês. Embora o mecanismo de ovulação ocorra no ovário, as ordens desse processo hormonal partem de uma área do cérebro chamada hipotálamo, que trabalha em harmonia com uma glândula próxima chamada hipófise. Essas duas glândulas coordenam o funcionamento do ovário que, por sua vez, produz os óvulos e o hormônio estrogênio, que prepara o útero para receber o futuro bebê.
O estrogênio é responsável pelo crescimento do endométrio no interior do útero. Quando ele alcança o diâmetro aproximado de 18 mm – e isso significa que já está maduro –, manda uma mensagem para a hipófise, que aumenta o hormônio LH (Hormônio Luteinizante), e este determina a ovulação. Assim que o óvulo se desprende do ovário e é captado pela tuba, deve, em 24 horas, entrar em contato com os espermatozoides para fecundação.
Com a fertilização, o embrião recém-formado migra pela tuba em direção à cavidade uterina – percurso este que deve durar cerca de quatro dias. Neste momento resta no ovário o corpo lúteo, que é a parte do folículo que ficou lá após a ovulação, e inicia-se a produção do hormônio progesterona, que finaliza a preparação final do endométrio para receber o embrião.
Com a implantação do embrião, o ovário mantém a produção de estrogênio e progesterona, causando um ambiente ideal para o desenvolvimento do embrião e a integridade do endométrio. Se não houver a implantação, ou seja, não ocorrendo a gravidez, os hormônios desabam em 14 dias e ocorre a menstruação.
Como na fertilização este processo não acontece naturalmente, vamos simular a situação natural, com o objetivo de preparar o endométrio (estrogênio) e, manter a implantação do embrião (progesterona).



# Pergunta 3: Quais são os principais medicamentos e para que servem

As medicações injetáveis, chamadas de Gonadotrofinas, são as mais importantes utilizadas nos tratamentos de fertilização in vitro, pois são as que levam aos melhores resultados. Esses medicamentos contêm o hormônio FSH, que no corpo humano é fabricado pela hipófise e age diretamente sobre o ovário.
A escolha de um ou outro é indiferente e vai depender de cada caso e do profissional que trata da paciente.
As medicações hormonais para a indução da ovulação já foram amplamente estudadas como responsáveis por câncer de ovário, mas até hoje nada foi comprovado.

a) Antes: preparação da ovulação

  • Indutores da Ovulação:  os produtos comerciais com FSH produzidos pela indústria farmacêutica diferem entre si pelo grau de pureza, mas produzem os mesmos resultados e devem ser injetadas diariamente por via subcutânea.

- Gonal e Puregon: utiliza FSH puro, produzido pela técnica recombinante
- Menopur:  FSH associado ao LH altamente purificado.
- Bravelle: obtido por técnicas de purificação sofisticada da urina de mulheres menopausadas

O tempo de indução de ovulação para uma paciente varia de 8 a 12 dias. Há um medicamento que reduz o número de aplicações de sete para uma única, de longa duração, o que diminui muito o número de picadas. É uma nova medicação produzida pelo laboratório MSD, com o nome comercial Elonva (Corifolitropina alfa).

  • Bloqueadores da ovulação: outra medicação importante nos tratamentos de fertilização in vitro,  pois impedem que a ovulação corre antecipadamente (inibem a elevação do hormônio LH, que causa a ovulação), evitando que os óvulos sejam perdidos antes de serem coletados.

Existem duas categorias: os GnRH agonistas (Lupron, Synarel e Gonapeptyl) e os GnRH antagonistas (Cetrotide e Orgalutan).

  • Para maturação dos óvulos, é utilizada medicação derivado do HCG, que é o hormônio da gravidez. Ela tem a função de fazer com que os óvulos hora estimulados a crescer com o indutor de ovulação sejam liberados rompendo o folículo no ovário (Ovidrel ou Choragon).


  • Ainda neste item, merece ser comentada a utilização, em condições excepcionais, do Sildenafil (Viagra) e da Pentoxifilina (Trental), com o objetivo de melhorar a qualidade do endométrio.


b) Depois: medicação após a transferência

Após ocorrer a fertilização, oferecem suporte hormonal, sendo comum o uso do estrogênio e da progesterona.
A progesterona deve ser administrada por oral, vaginal ou injetável (a intramuscular é dolorosa e deve ser indicada em casos específicos).
O estrogênio (oral, transdérmico = adesivos, vaginal ou injetável) é recomendado para melhorar a qualidade do endométrio, mas é mais frequentemente utilizada em ciclos de doação de óvulos ou transferência de embriões congelados.
  
#Atenção! Hormônios e sintomas após fertilização in vitro

Os hormônios utilizados após a FIV levam a sintomas semelhantes aos da gravidez mesmo em mulheres em que a gestação não se estabeleceu e por isso é importante interpretar com cuidado. Uma vez que os embriões são transferidos para o útero, se a gravidez ocorrer, seguirá como qualquer outra, mas não se pode confundir os sintomas de uma gravidez com os efeitos colaterais da medicação hormonal.


Tabela com resumo sobre os hormônios


Finalidade
Tipo de Medicamento
Nomes Comuns
Efeitos Colaterais
Indutor da ovulação

Indutor da Ovulação (via oral)
Clomid
Serophene
Indux
Gestação múltipla, retenção de líquidos, sudorese noturna e formação de cistos
Femara
Indutor da Ovulação
=Gonadopropinas (injetável)
Fabricados com 
Urina de mulheres menopausadas
- Bravelle
- Menopur



Irritação local, gestação múltipla, retenção de liquido e formação de cistos
Fabricados pela engenharia genética
- Gonal-f
- Puregon
Cloriofolitropina alfa - única aplicação dura 7 dias – FSH de longa duração)
- Elonva
Bloqueador da ovulação antecipada (pico de LH)
Agonista do GnRH
Lupron
Gonapeptyl
Synarel
Irritação local,  dor de cabeça, ondas de calor, suor noturno e secura vaginal
Antagonista do GnRH
Cetrotide
Orgalutran
Irritação local e dor de cabeça
Maturação dos óvulos (CP, IIU e FIV)
Maturação do(s) óvulo(s)
Choriomon – hCG urinário
Ovidrel – hCG recombinante
Irritação local
Melhoria do fluxo sanguíneo do endométrio
Pentoxifilina
Sildenafil
Trental
Viagra e Suvvia
Dores de cabeça e obstrução nasal
Suporte hormonal
(CP,IIU e FIV)
Progesterona
Preogesterona oleosa
Crinone
Utrogestan
Evocanil
Irritação local
Suporte hormonal (CP, IIU,FIV,
TEC)
Estrogênio
Estrofem
Primogyna
Estradot
Valerato de estradiol
Dores de cabeça. Náuseas e irritação local



Nenhum comentário:

Postar um comentário