Meninas, ao retomar o tratamento, passei o histórico para o
médico e um dos pedidos foi para fazer o exame do Hormônio anti-Mulleriano. Ele
disse que era para saber como estava minha reserva ovariana, já que nós,
mulheres, nascemos com uma quantidade finita de óvulos e por isso bate o
desespero após os 35-37 anos.
O plano de saúde não cobre e é meio caro, foram quase R$500
que acabei passando no cartão porque esqueci de perguntar antes quanto custava
e me surpreendi no laboratório. Tudo bem, mas um pra conta, já foram tantos e
tão caros... snif, snif.
O melhor é que o resultado me trouxe boas notícias e esperança!
Para minha idade, estou bem na foto.
O Hormônio
Anti-Mülleriano (HAM ou AMH) é considerado o exame que melhor possibilita saber
qual a reserva ovariana da mulher. Assim, ela ajuda a determinar indiretamente
qual a quantidade de óvulos que a mulher dispõe em seus ovários, pode ajudar na
previsão da idade da menopausa e, nos processos de indução da ovulação, é usado
para o cálculo da dose das medicações necessária na reprodução assistida.
No meu caso, estou com
um número bom para a idade (37 anos) e 7,94 ng/mL. Yupi! Finalmente uma boa
notícia
Matemática da Reserva
Folicular
Bom, só para entender
como o exame: o marcador do Hormônio Anti-Mülleriano, temos que nos remeter ao
conceito de “reserva folicular”, que é a quantidade de óvulos que a mulher
dispõe em seus ovários.
- A mulher tem seu
maior número de óvulos em dois momentos: antes do nascimento (em estágio de
folículos primordiais) e na metade de sua gestação (por volta das 20 semanas),
correspondendo a 7 milhões.
- Ao nascer, este
número já se reduz. Começamos então com 2 milhões de folículos primordiais e o
processo de perda nunca cessa, independentemente de estar grávida, usar
hormônios ou tomar pílula anticoncepcional.
- Na idade da primeira
menstruação (menarca) restam 500 mil óvulos aproximadamente.
- Por cada ciclo,
estes óvulos serão consumidos na média de 1.000 para cada menstruação, para que
apenas um fique maduro (o folículo dominante); os demais sofrem um processo
chamado de atresia ("morrem").
- Nesta jornada,
chegamos aos 38 anos de vida com apenas 25 mil óvulos e aos 50 com praticamente
zero.
- Daí a importância de
se engravidar antes da idade em que o número de óvulos torna-se crítico (35 ou
38 anos).
Outro fator importante
é que a idade interfere diretamente com a qualidade deles, ou seja, teremos
menos óvulos e de pior qualidade. Realidade cruel.
A relação entre o
Hormônio Anti-Mülleriano, o FSH e a Inibina-B
O hormônio
Anti-Mülleriano é produzido pelos folículos ovarianos em crescimento e por isso
permite determinar a quantidade da reserva ovariana.
As alterações dos
marcadores da função ovariana feminina começam com um declínio dos níveis
séricos do hormônio Anti-Mülleriano, seguido pela diminuição de inibina-B e,
por último, o aumento de FSH.
Sabe-se que os níveis
de FSH aumentam à medida que a mulher se aproxima da menopausa, pelo simples
fato de que com uma menor quantidade de folículos disponíveis, o corpo precisa
de cada vez mais hormônio para conseguir uma resposta ovariana. Os valores
considerados normais variam entre 3,0 e 10,0 UI e um FSH alto está associado a
taxas mais baixas de sucesso em técnicas de reprodução assistida (o meu está em
2,40 mIU/mL – para uma variação sugerida pelo laboratório entre 0,34 a 5,60
mIU/mL – não é uma beleza, mas tá valendo).Quando fiz o exame em 2011, a taxa
era a mesma, mas era em 2010 de 7,52 mIU/mL aos 34 anos e caiu para 3,9 no ano
seguinte. Ou seja, a mudança realmente ocorre na virada para os 35 anos!
Já a inibina-B é um
hormônio produzido pelas células da granulosa de folículos em crescimento. Esse
parâmetro representa uma medida mais imediata da atividade ovariana, onde
níveis considerados normais ficam em torno de 100,0 pg/ml.
Mulheres com altos
níveis do hormônio Anti-Mülleriano podem ter maiores taxas de sucesso de
gravidez na FIV segundo vários estudos, mas há outros fatores que podem afetar,
sendo um deles a Síndrome dos Ovários Policísticos, que é meu caso. Vou
escrever um pouco sobre isso.
A SOP está associada a valores
altos de Hormônio Anti-Mulleriano (HAM) e consequentemente este grupo de
mulheres tem um suprimento significativo de óvulos em seus ovários.
Embora ter altos níveis de HAM
seja uma ótima notícia para mulheres que querem engravidar, pois significam que
existe uma grande chance destas mulheres terem muitos óvulos saudáveis
disponíveis para suportar uma gravidez. Para uma FIV, podem estar associadas ao
maior número de óvulos e embriões disponíveis, mas o problema é que quantidade
nem sempre significa qualidade. Além disso, há maior chance de que estas
mulheres tenham problemas com hiper-estimulação nos processos de indução de
ovulação.
Assim não há ainda estudos que
possam confirmar a relação entre os níveis de HAM e a qualidade dos embriões
conseguidos através da FIV.
Para o tratamento da SOP, os
médicos recomendam para que as que estão acima do peso, possam melhorar dieta e
aumentar atividades físicas. No geral, busca-se mudança nos hábitos de vida e
medicação para melhorando sensibilidade à insulina, hiperandrogenismo, fatores
de riscos metabólicos, ciclos menstruais e ovulação, para reduzir tanto o
número de folículos ovarianos retidos como o volume ovariano, regulando a
fertilidade e a capacidade reprodutiva.
Os agentes sensibilizadores da
insulina também fazem parte do manejo dessas pacientes, como o uso de
metformina.
Fontes:
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