sábado, 13 de dezembro de 2014

O que esperar da FIV

Inspirada no livro que toda grávida lê, um clássico (sic), chamado “O que esperar quando se espera”, resolvi falar uma adaptação para falar sobre o que se pode esperar da FIV.

Isso porque entra neste mundo, passamos a compartilhar ansiedades semelhantes e, na internet, encontramos linguagem e expressões próprias que se reproduzem nos grupos de discussão e blogs. Tem as “tentantes”, “fivetes”, “gravidinhas”, “estrelinha” (quando se referem ao filha/a), a “ultra” (que é o ultrassom) e várias outras.

Aí quando temos as recém chegadas, não posso dizer que meu caso de uma pessoa experiente, mas no segundo tratamento já temos uma noção do que vai acontecer. Vale a pena refletir um pouco com a “montanha russa” de emoções pelas quais passamos, são muitos altos e baixos.

Tudo isso começa antes mesmo do tratamento, porque em geral passamos por outros antes. No meu caso, comecei como uso de reguladores da ovulação (como Serophene) para coito programado por ter ovários policísticos e, como não deu certo, tinha programado uma tentativa de inseminação artificial (IIU) e que passei para a FIV porque tinha muitos folículos com a medicação.

Tudo isso vem acompanhado de uma série de exames. No meu caso, fiz a histerossalpincografia para ver se as trompas não estão obstruídas (dói pra caramba!), depois ressonância magnética para verificar os miomas (mais de uma vez, para acompanhar se cresciam, o que não podia acontecer!), exame para saber o estoque de óvulos (anti-mulleriano), videolaparoscopia (para verificar se não endometriose ou alteração no útero (aí com anestesia geral e internação e tudo), além dos exames genéticos (como mutação no gene da metilenotetrahidrofolato) ou ligados à trombofilia (fator antinúcleo FAN, cardiolipina, fator V de Leiden, mutação do gene da protombina, proteína C, proteína S, anti-trombina III, MTFRH e hemocisteína). Fiz também o Cross Match para analisar a compatibilidade imunológica (mas não fiz o tratamento com as vacinas.Além do exame do marido, para avaliar os nadadores, claro.

Ufa... e se tudo está em ordem, partimos para o tratamento. Simples, não? Nem um pouco. Aí que a ciência requer um esforço maior nosso de compreensão de todo o processo e consciência sobre as estatísticas do tratamento, que não é infalível, mas aumenta as probabilidades.

Pé no chão e pensamento positivo na mente. OK, vamos lá. Começando o estímulo e aí a bomba de hormônios começa a agir no nosso corpo que, em um ciclo natural, produz um óvulo por mês e vamos artificialmente mudar isso para produzir muitos folículos. No me caso, foram 26 no primeiro ciclo e depois 30 no segundo. A barriga fica inchada, um pouco desconfortável e temos a rotina das injeções na barriga (que nos faz perder o medo de agulha) e exames de sangue para análise dos hormônios + ultrassom a cada dois dias. Tudo isso exige dedicação de tempo na nossa rotina e reservas financeiras, pois é uma grana. Para cada ciclo de FIV, gastei cerca de R$17mil.

Com a punção, é importante ter claro, que geramos vários folículos, mas nem todos contém óvulos maduros e temos cerca de 5 a 6 destes. Aí pode ser uma FIV tradicional ou a ICSI (com a injeção do espermatozoide no óvulo e foi esta que fiz). Depois disso, ne, todos os óvulos implantados que são os pré-embriões se desenvolvem a partir do terceiro dia. Aí temos que torcer para vencerem esta barreira. Quando eles crescem, alguns médicos transferem no D3 para que continue a se desenvolver no útero e outros esperam até D5 como blastocistos.

Aí vem a decisão sobre a transferência no ciclo fresco ou se os óvulos serão congelados para a TEC depois (Transferência dos Embriões Congelados). Aí também tem a decisão de quantos embriões transferir, a preparação, tudo.

Depois da transferência vem o repouso e a expectativa dos dias intermináveis até o exame Beta. Parece uma espera sem fim, uma tortura. Quando o negativo vem, é uma sensação de luto. Luto mesmo, mas por algo que não chegamos a ter, mas que em nossa mente e coração já existia. Não é fácil lidar com isso, além das reações físicas, como uma mega TPM. Se outras pessoas sabem do tratamento, temos que dar satisfação e por isso foi um segredo meu e do meu marido, opção nossa mesmo não envolver a família.

Algumas mulheres conseguem na primeira tentativa de FIV, mas nem sempre isso acontece ou é um menor número. É bom comum que se consiga na segunda ou terceira tentativa e temos relatos em blogs de sucesso na nona ou décima.

Aprendemos a comemorar a cada etapa e não desistir. Buscar forças, apoio de amigas virtuais que nos compreendem e compartilham suas histórias. Espero ter ajudado com minha experiência. Obrigada a quem me acompanha.
 
 

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