segunda-feira, 9 de março de 2015

Como os tratamentos para fertilização interferem na intimidade do casal?

 
 
Meninas, estou sempre lançando algum questionamento para nosso debate sobre todo este processo longo dos tratamentos de FIV. Hoje vou tratar de um tema sobre o qual tenho refletido nos últimos dias...
Gostaria de comentar sobre como os tratamentos para fertilização interferem na intimidade do casal. É algo complicado, que não falamos tanto e muitas vezes acabamos fingindo que não atrapalha. Mas, na minha percepção, vejo que acaba influenciando o relacionamento, algo meio velado, um assunto que fica camuflado em todo este processo.

Não sei qual a opinião de vocês e gostaria que comentassem aqui. Vou escrever algo que tenho percebido no meu relacionamento, mas pode ser muito específico do casal e não acontecer com todos.
 
 

Quando iniciamos o tratamento, significa que já ficamos algum tempo como “tentantes” nos meios naturais ou com procedimentos mais lights, vamos assim dizer. Quando partimos para a FIV, há todo um histórico e o casal já está junto há alguns anos.
 
No começo do casamento é aquela maravilha, o sexo é bem frequente, sem compromisso, sem horário e sem a pretensão de uma gravidez. Aliás, no meu caso, o projeto para ter filhos seria apenas para depois do terceiro ano de casamento. Mas quando percebemos que chegou a hora de engravidar, muda bastante. O desespero de quando estamos ovulando, dizemos “é hoje!” e tem que ser, o marido tem que comparecer. Por exemplo, quando investimos em lingeries para deixa-los mais animados, até na hora de compra-las há um motivo ou "segundas intenções" para uma finalidade bem específica do seu uso (não para sedução mas para procriação...). O sexo passa a ser um compromisso, às vezes com dia certo para acontecer e, para aumentar as chances, tem que ter certa frequência, mesmo quando estamos cansados. Isso vale tanto para o homem quanto para a mulher.

Durante o processo da FIV, já pensando depois de todos os exames, porque a realização deles, a ansiedade pelos resultados e diagnósticos ou mesmo as conversar com o médico são bem desgastantes, aí tem um novo ciclo. Quando começamos a medicação para a indução de ovulação, a barriga fica inchada, perdemos um pouco do tesão e a preocupação com o tratamento ganha novos contornos. O marido fica apreensivo e nós concentramos muita energia nas rotinas e horários das injeções.
Aí tem a punção, ficamos “de molho” um tempo. No meu caso, como tive hiperestímulo, vixi... passei muito mal e para rolar sexo, demorou um tempo.

Parece que nossa vida sexual se torna pública, ou seja, o médico diz que dia pode acontecer, a equipe técnica faz questionamentos e tudo passa a ser monitoramento ou investigado.
 
Depois que fazemos a transferência, tem o período em que ficamos aguardando o resultado tal esperado do Beta, naquela ansiedade absurda e fazendo o repouso. Quando não dá certo, a tristeza do Negativo nos abate e não dá vontade nenhuma. O casal se une psicologicamente, mas se afasta fisicamente.
 
Quando vem a menstruação por cerca de 2 a 4 dias após o Beta Negativo, vamos nos preparando para os próximos passos e aí a pressão deixou algumas marcas até que tudo volte ao normal. No meu caso, após o negativo na 2ª TEC, voltamos a nos relacionar cerca de 2 dias após o término da menstruação, mas tive dores e um sangramento (vermelho vivo), o que me deixou preocupada, mas não falei com meu marido pois já tinha percebido que ele estava meio “travado” depois de todo processo e com medo de machucar. E os medicamentos também afetam nosso desejo sexual, não dá para negar.
 
O que avalio, então, é que um cuidado importante é para não deixar que a pressão do tratamento não afete a intimidade do casal. É difícil contornar toda a carga emocional, mas esta química entre marido e mulher deve ser mantido, apesar da impessoalidade que toma conta de nossa rotina, com os medicamentos e tal, como compromissos. Acho que é isso, para reflexão da semana: como não deixar que os procedimentos da FIV atrapalhem a relação e intimidade do casal? Estou me esforçando para isso não acontecer. O respeito é importante, mas dar atenção ao outro é essencial, pois o tratamento da FIV não pode ser um fim em si.
 
 
 
Para colaborar nesta reflexão, segue um link interessante sobre o tema, com um artigo escrito por Ana Rosa Detilio Monaco, psicóloga da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.
 É possível preservar a vida sexual no tratamento de reprodução humana

P.S. Na quarta tenho consulta com o médico (um ultrassom para ver como está o endométrio para a transferência), então saberei quando será o dia e mais detalhes sobre a qualidade dos embriões, que é nossa suspeita das falhas dos procedimentos das FIVs que não deram certo.

Bjs e uma ótima semana!

 

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